Autora: Dra Cristiane Lima Roa – Médica da Ginecologia e Obstetricia do Hospital das Clínicas da FMUSP
O desenvolvimento das mamas se inicia na 6ª semana de vida embrionária através da linha láctea que se estende das axilas até região inguinal. Na 8ª semana, esta linha regride e há a formação da glândula mamária.A glândula mamária é composta por uma parte ductal e outra lobular, envoltos por um tecido gorduroso com vasos sanguíneos, linfáticos, nervos e tecido cognitivo. Cada mama possui 10 a 20 lóbulos e cada lóbulo tem um ducto principal e suas ramificações.
- 80% das lesões em mamas são benignas como fibroadenomas que acomete adolescentes e mulheres jovens entre 20 e 40 anos e cistos mamários comuns aos 40 – 50 anos que regredem na pós menopausa.
- 10 a 20% das lesões mamárias são malignas.
- O câncer de mama é uma das maiores causas de morte de mulheres no Brasil e no mundo.
- Em nosso país, a cada hora são feitos 6 novos diagnósticos e ¼ das mulheres têm menos de 50 anos.
- No mundo a cada 24 segundos uma mulher recebe o resultado positivo para carcinoma mamário e a cada 69 segundos uma morre, conforme estatística do Instituto Oncoguia.
- Segundo o INCA, em 2020 a estimativa foi de 66.280 novos casos de câncer de mama com 17.572 mortes.
Os tipos de câncer mamário são: ductal e lobular.
O câncer ductal ocorre em 70 a 80% das vezes e pode ser in situ ou invasivo. O carcinoma ductal in situ apresenta calcificações mamográficas, são bilaterais em 10 a 20% e limitadas aos ductos e lóbulos.
O carcinoma ductal invasivo constitui o maior grupo sendo raro em mulheres com menos de 40 anos e geneticamente relacionado ao BRCA 1/2. Caracteriza-se por nódulos firmes, duros com linhas imprecisas.
O carcinoma lobular in situ é casual, não tem calcificações, infrequente, bilateral em 20 a 40% das vezes e acomete jovens antes da menopausa.
O carcinoma lobular invasivo aparece em 5 a 15% dos tumores invasivos como massas palpáveis, infiltrantes e com crescimento lento. Na mamografia, mostra-se como distorção da arquitetura mamária.
Outros carcinomas são raros como o inflamatório (semelhante a um processo inflamatório) e o câncer mamário masculino (indolor, com nódulo duro subareolar).
As metástases frequentemente estão localizadas nos pulmões, fígado, cérebro e ossos.
Etiologicamente, o câncer de mama aparece 70 a 80% das vezes de forma esporádica, 15 a 20% casos familiais, 5 a 10% hereditários, 1,5% a 8% ligados ao BRCA1 e 2 e 1% – 7% relacionados a outros genes.
A faixa etária acometida são mulheres a partir dos 50 anos.
Fatores de Risco
- Idade avançada
- Menarca precoce (Primeira menstruação antes dos 12 anos).
- Menopausa tardia (última mennstruação após os 50 anos).
- Gravidez após os 30 anos.
- Nunca ter tido filhos.
- Histórico familiar (parentes de primeiro grau com a doença).
- A ingestão regular de álcool (mesmo em quantidade moderada).
- O uso de anticoncepcional oral gera opiniões controversas.
- O uso de anticoncepciional por um longo período de tempo, antes da primeira gravidez ou ainda com altas doses de estrogênio são prováveis fatores de risco.
O quadro clínico pode ser assintomático ou não e alguns sinais e sintomas requerem atenção como: local quente, edemaciado , coloração escurecida, nódulos, espessamentos, abaulamentos ou retrações, mudança no tamanho ou formato da mama, pele porosa, dor continua localizada, hiperemia, prurido ou descamação e secreção espontânea pelo mamilo.
O diagnóstico precoce assegura cura em 95 % dos casos de neoplasia mamária.
O ministério da Saúde e o INCA preconizam que toda mulher a partir dos 40 anos realize a mamografia como método de rastreamento. Ressonância magnética, tomossíntese e ultrassom são exames complementares e não devem ser utilizados como rotina.
O tratamento é feito por meio de cirurgia, radioterapia, quimioterapia, hormonioterapia ou terapia alvo e será individualizado conforme tipo histológico, grau de invasão, presença ou não de receptores hormonais e hiperexpressão do gen Her 2.
Fatores como hábitos saudáveis, dieta pobre em gorduras, atividade física regular, baixa ingesta de álcool e não fumar são considerados preventivos para o câncer de mama.
As possibilidades de cura estão diretamente relacionadas ao estágio em que a doença foi diagnosticada. Detecção precoce culmina em chance de 95% de cura mediante o uso das diversas alternativas terapêuticas.
Portanto, a prevenção é a grande aliada no combate ao câncer de mama.